Chamava-se Eva, corria descalça e tinha um sonho.
Desde pequena que a família pronunciava o seu nome de uma forma sincopada, E-va, uma ligeira dúvida no final, procurando sem encontrar. E-va?
Tinindo nas solas dos seus pés, Eva sentia o mundo. Sentia a rugosidade das pedras, o toque húmido das ervas, a macieza dos bichos-de-conta. Engolia o azul do céu, o verde dos fetos, o amarelo dos hibiscos. Sonhava com a leveza das borboletas, a rapidez das libelinhas, o voo dos pardais.
E o ar, que peso teria o ar, quando Eva o revolvia com os seus braços-vela?
Quando regressava a casa, E-va?, as sombras cercavam-na e Eva deixava de o ser para se resguardar dos braços-faca que esquartejavam a sua alma. E-va!
sábado, 8 de março de 2008
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4 comentários:
Maria!!! Muito engraçada, muito insólita (usando palavras da Leonor) esta tua E-va!!! Very, very nice!
Sim, sim, bem insólita. Até no modo como escreves e sugeres que seja acentuado o nome dela. Gostei muito.
Adoro ter-vos como corre-ligionárias
Eva, E-va, Eva-criança. Bela ideia a tua!
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